segunda-feira, 20 de junho de 2011

Jovens adultos e o Templo

Élder Russell M. Nelson, Do Quórum dos Doze Apóstolos

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A Liahona, Fevereiro de 2006


Falarei hoje sobre o templo. Gostaria de ajudá-los a estudar com profundidade sua doutrina, explorar a grandiosidade da sua glória e apreender seu significado eterno.
Os templos não são novos. “O Senhor sempre ordenou a Seu povo que construísse templos” (Guia para Estudo das Escrituras, “Templo, A Casa do Senhor”, p. 205). O Velho Testamento está repleto de referências a ordenanças, convênios e até às roupas do templo (ver, por exemplo, Êxodo 28–29; Levítico 8).
O templo mais conhecido da Bíblia foi construído em Jerusalém nos dias de Salomão. O Senhor aceitou pessoalmente aquela casa santa (ver II Crônicas 7:12). Em 600 a.C., o templo foi parcialmente destruído.
Quase cem anos depois, ele foi restaurado por Zorobabel. O prédio foi danificado pelo fogo em 37 a.C.; depois disso, Herodes ampliou e nivelou o Monte do Templo e começou a reconstrução do segundo templo (ver Guia para Estudo das Escrituras, “Templo, A Casa do Senhor”, p. 205).
Esse foi o templo que Jesus conheceu. Foi ali que Ele esteve quando menino na ocasião em que Sua mãe, preocupada, custou encontrá-Lo (ver Lucas 2:43–49).
Na primeira purificação do templo, Jesus o chamou de “casa de meu Pai” (João 2:16; ver vers. 13–16). Na segunda purificação, Jesus o denominou “minha casa” (Mateus 21:13; Marcos 11:17). Sabendo que o templo seria ainda mais profanado, Jesus falou dele dizendo: “vossa casa se vos deixará deserta” (Lucas 13:35) — uma profecia cumprida em 70 d.C., quando foi destruído.
Há muitos anos, minha mulher e eu estávamos em Jerusalém, sendo guiados através de recentes escavações num túnel à esquerda do atual Muro Ocidental do antigo templo. Naquele túnel vimos rabinos judeus orando pelo dia em que o terceiro templo seria construído em Jerusalém.
Pelo Livro de Mórmon sabemos que Néfi construiu um templo “conforme o modelo do templo de Salomão”, só que com menos ornamentos (2 Néfi 5:16).
“Desde Adão até a época de Jesus, as ordenanças eram realizadas nos templos apenas em favor dos vivos. Depois que Jesus abriu o caminho para que o evangelho fosse pregado no mundo dos espíritos, (…) as ordenanças em favor dos mortos, assim como dos vivos, passaram a ser feitas nos templos” (Bible Dictionary, “Temple”, p. 781).
Os Filhos do Convênio
Ao lermos sobre templos, também ficamos sabendo dos convênios que Deus fez com Seus seguidores fiéis: os “filhos do convênio” (3 Néfi 20:26; ver vers. 25; Atos 3:25). Há aproximadamente 4.000 anos, Deus fez um convênio com Abraão de que todas as nações da Terra seriam abençoadas por meio de sua semente (ver Gênesis 17:7; 22:18; Abraão 2:9–11). O convênio foi confirmado com Isaque (ver Gênesis 26:1–4, 24) e novamente com Jacó (ver Gênesis 28; 35:9–13; 48:3–4). Esse convênio é como um fio que percorre todo o Velho e o Novo Testamentos e o Livro de Mórmon (ver, por exemplo, a página título do Livro de Mórmon). Esse convênio foi renovado divinamente nesta dispensação como parte da Restauração de todas as coisas (ver D&C 124:58).
Os profetas já sabiam que o convênio abraâmico seria cumprido somente “nos últimos dias” (1 Néfi 15:18). Os nossos dias! (ver D&C 110:12–16). Nós somos esse povo do convênio! O que isso realmente significa? Vamos aprender juntos com algumas escrituras.
Em Mosias 5:7, lemos: “Por causa do convênio que fizestes, sereis chamados progênie de Cristo, filhos e filhas dele, porque eis que neste dia ele vos gerou espiritualmente; pois dizeis que vosso coração se transformou pela fé em seu nome; portanto nascestes dele e vos tornastes seus filhos e suas filhas”.
Em 3 Néfi 20:25, Jesus fala: “E eis que vós sois os filhos dos profetas; e vós sois da casa de Israel; e vós sois do convênio que o Pai fez com vossos antepassados, dizendo a Abraão: E em tua semente serão benditas todas as famílias da Terra”.
Em nossos templos santos, nós literalmente recebemos essas bênçãos prometidas à linhagem de Abraão, Isaque e Jacó.
A Restauração dos Templos e da Autoridade Seladora
Na Restauração, as ordenanças do templo receberam uma prioridade muito grande. A primeira revelação de um anjo ministrador dizia respeito a essa doutrina. Registrada na segunda seção de Doutrina e Convênios, ela é um eco do quarto capítulo de Malaquias. Morôni predisse a vinda de Elias, que faria com que o coração dos pais se voltasse aos filhos e o coração dos filhos, aos pais (ver Malaquias 4:5–6; D&C 2:1–2).
Elias apareceu, em 3 de abril de 1836, no domingo da Páscoa cristã, início da Páscoa judaica. Ele foi ao Templo de Kirtland para conferir as chaves da autoridade seladora, precisamente como foi profetizado pelo anjo Morôni (ver D&C 110:14–16).
No templo são administradas as ordenanças por meio das quais o poder de Deus se manifesta (ver D&C 84:20). Sem essas ordenanças e a autoridade do sacerdócio, “o poder da divindade não se manifesta aos homens na carne” (D&C 84:21).
A inscrição nos templos modernos é “Santidade ao Senhor”, (ver Êxodo 28:36; 39:30). Essas palavras descrevem o edifício, sim, mas também descrevem as ordenanças e convênios do templo e as pessoas que adoram entre suas paredes.
Os Templos da Restauração
O Templo de Kirtland foi um templo preparatório. Ele constitui hoje um monumento à fé do povo que o construiu. Posteriormente, quando os santos chegaram a Illinois, o Senhor mais uma vez pediu ao Seu povo que construísse um templo. Por quê?
Lemos em Doutrina e Convênios 124:29–30:
“Porque não existe na Terra uma fonte batismal onde eles, os meus santos, possam ser batizados pelos que estão mortos —
Pois essa ordenança pertence a minha casa.”
O versículo 32 traz esta séria advertência: “Se não fizerdes essas coisas (…) sereis rejeitados como igreja com vossos mortos, diz o Senhor vosso Deus”.
O versículo 40 declara: “Que essa casa seja construída ao meu nome, a fim de que nela eu revele minhas ordenanças a meu povo”.
O cabeçalho da seção 128 declara que essa seção foi uma epístola. Por que o Profeta Joseph Smith escreveu uma carta aos santos em vez de falar-lhes diretamente? Porque estava escondido. Estava sendo caçado por turbas furiosas e nem sequer podia voltar para casa. Estava escondido na casa do seu amigo Edward Hunter. Leiam estas palavras admiráveis, escritas na casa de Edward Hunter:
“Retomo agora a questão do batismo pelos mortos, pois esse assunto parece ocupar-me o pensamento e impor-se a meus sentimentos mais do que qualquer outro desde que meus inimigos começaram a me perseguir (…)
(…) Estes princípios referentes aos mortos e aos vivos não podem ser negligenciados no que tange a nossa salvação. Porque a sua salvação é necessária e essencial a nossa salvação, como diz Paulo com respeito aos pais — que eles, sem nós, não podem ser aperfeiçoados — nem podemos nós, sem nossos mortos, ser aperfeiçoados.
(…) A terra será ferida com maldição, a menos que exista um elo de ligação de um ou outro tipo entre os pais e os filhos. (…) O batismo pelos mortos (…) é necessário (…) que uma total, completa e perfeita união e fusão de dispensações e chaves e poderes e glórias ocorram. (…) Coisas que nunca se revelaram desde a fundação do mundo, mas que se conservaram ocultas aos sábios e prudentes, serão reveladas (…) nesta dispensação, que é a da plenitude dos tempos” (vers. 1, 15 e 18).
Os santos obedeceram e construíram o Templo de Nauvoo. Cerca de 6.000 santos receberam a investidura e o selamento antes de terem que partir e deixar seu templo. Hoje ele está novamente de pé, reconstruído em toda a sua majestade, e é muito freqüentado.
Cerca de 30 anos depois do êxodo de Nauvoo, o Templo de St. George Utah foi concluído. Ele foi o primeiro templo no qual as ordenanças em favor dos mortos foram realizadas de modo organizado.
Na dedicação do andar inferior do Templo de St. George, Utah, em 1° de janeiro de 1877, o Presidente Brigham Young, que faleceu naquele mesmo ano, disse:
“O que supõem que nossos antepassados diriam se pudessem falar dentre os mortos? Não diriam: ‘Estamos aqui há milhares de anos, nesta prisão, esperando a chegada desta dispensação’? (…) O que sussurrariam em nossos ouvidos? Ora, se tivessem poder para isso, fariam soar os próprios trovões do céu em nossos ouvidos, para que pudéssemos ter uma idéia da importância do trabalho que estamos realizando. Todos os anjos do céu estão observando este pequeno grupo de pessoas, incentivando-as a trabalhar pela salvação da família humana. (…) Quando penso nisso, desejo ter a voz de sete trovões para poder despertar as pessoas.” 1
Revelação Contínua
Em 1894, o Presidente Wilford Woodruff (1807–1898) instruiu os membros da Igreja: “Queremos que os santos dos últimos dias a partir de agora pesquisem sua genealogia e cheguem o mais longe possível e que sejam selados a seu pai e mãe. Selem os filhos aos pais e perpetuem essa corrente o mais que puderem. (…) Isso é o que o Senhor deseja para este povo”. 2
O propósito do trabalho de história da família é obter o nome e os dados dos nossos ancestrais para que se possam realizar as ordenanças do templo por eles.
A seção 138 de Doutrina e Convênios é a revelação mais valiosa do notável ministério do Presidente Joseph F. Smith (1838–1918). Ela foi recebida no mês anterior a sua morte, em outubro de 1918. Nessa situação ímpar, o Presidente Smith ainda estava no mundo, mas podia ver o mundo vindouro.
Começarei pelo versículo 11: “Vi as hostes dos mortos, tanto pequenos como grandes.
E achava-se reunido em um só lugar um grupo incontável dos espíritos dos justos, que foram fiéis no testemunho de Jesus enquanto viveram na mortalidade. (…)
Estavam reunidos, aguardando a chegada do Filho de Deus ao mundo dos espíritos para declarar sua redenção das ligaduras da morte. (…)
Enquanto essa vasta multidão esperava e conversava, regozijando-se pela hora de sua libertação das cadeias da morte, o Filho de Deus apareceu, anunciando a liberdade aos cativos. (…)
E ali pregou-lhes o evangelho eterno, a doutrina da ressurreição e a redenção do gênero humano da queda e dos pecados individuais, desde que houvesse arrependimento” (vers. 11–12, 16, 18–19).
E no versículo 51: “Esses o Senhor ensinou e deu-lhes poder para levantarem-se, depois que ele ressuscitasse dos mortos, e entrarem no reino de seu Pai, para que lá fossem coroados com imortalidade e vida eterna”.
Os templos tornam possível essa coroação! Como somos gratos por saber disso!
Permitam-me fazer uma digressão por um momento para contar uma experiência engraçada que tivemos há alguns anos. Minha mulher e eu tivemos o privilégio de levar o Presidente Spencer W. Kimball (1895–1985) e sua esposa a uma atividade. Nosso filho de cinco anos de idade estava conosco. Pedi-lhe que dissesse ao Presidente Kimball que gravura ele tinha na parede do quarto. Ele respondeu: “É o templo”.
O Presidente Kimball, com sua perspectiva global, perguntou: “Que templo?”
Aquilo deixou nosso filho completamente perplexo, por causa de sua perspectiva limitada. Ele pensou um minuto e então respondeu: “Ora, o templo do casamento, é claro”. O Presidente Kimball abriu um grande sorriso.
O Presidente Howard W. Hunter (1907–1995) disse, em 1994, ano anterior ao de sua morte: “Exorto os membros da Igreja a fazerem do templo do Senhor o grande símbolo de sua condição de membros e o local supremo de seus mais sagrados convênios. (…) Espero que todo membro adulto seja digno e possua uma recomendação atualizada para o templo, mesmo que a distância não lhe permita usá-la sempre”. 3
O Presidente Gordon B. Hinckley reafirmou essa esperança. Ele também ajudou a expandir o trabalho do templo e de história da família com extrema rapidez. Em maio de 1999, lançou o serviço FamilySearch™ na Internet. Esse serviço está agora com uma média de mais de 50.000 visitantes por dia. A partir do Pedigree Resource File (Arquivo para Localização de Linhagem), que é parte desse empreendimento, passamos a receber mais de um milhão de nomes por mês, todos ligados a linhagens. O banco de dados já tem mais de um bilhão de nomes.
Quando o Presidente Hinckley foi chamado para servir na Primeira Presidência, em 1981, quantos templos tínhamos na Igreja? Dezenove. Hoje temos 122! Há mais templos sendo construídos e outros já foram anunciados.
A Preparação Pessoal para o Templo
Para cada um de vocês, jovens adultos, eu enfatizo que o templo pode abençoá-los — mesmo antes de entrarem nele. Se mantiverem um padrão de conduta moral alto o suficiente para se qualificarem para uma recomendação para o templo, vocês encontrarão paz interior e força espiritual. Agora é o tempo para purificar sua vida de qualquer coisa que desagrade ao Senhor. Agora é o tempo para eliminar os sentimentos de inveja ou inimizade e buscar o perdão para qualquer ofensa.
Há vários anos, a Primeira Presidência enviou uma carta aos líderes do sacerdócio concernente ao melhor momento para os membros receberem uma recomendação para o templo. Parte dela dizia:
“Os membros solteiros com pouco mais ou pouco menos de vinte anos que não receberam o chamado missionário nem estejam noivos, prestes a casar-se no templo, não devem receber a recomendação para a própria investidura no templo. Podem, porém, receber uma Recomendação de Uso Limitado para fazer batismos pelos mortos. O desejo de assistir ao casamento de um irmão, irmã ou amigo no templo não é motivo para que um jovem adulto receba a investidura” (12 de novembro de 2002; ver também carta da Primeira Presidência, 21 de junho de 2005).
Notem que essa instrução se aplica a solteiros “com pouco mais ou pouco menos de vinte anos”. Esperamos que depois de alguns anos, essas pessoas estejam casadas ou levando uma vida estável, e que a adoração no templo seja uma grande prioridade em sua vida.
Antes de entrar no templo pela primeira vez, é útil participar de um curso de preparação para o templo. Outra coisa útil é a leitura de um livreto que o bispo ou presidente do ramo lhes dará: Preparação para Entrar no Templo Sagrado. 4 Isso os ajudará a entender a magnificência das ordenanças e convênios do templo.
Planejem agora casar-se no templo e conduzam seu namoro tendo o templo em mente. Quando você e seu companheiro se ajoelharem no altar de um templo sagrado, farão isso como parceiros iguais. Vocês se tornarão uma unidade familiar eterna. Qualquer coisa que corroa a espiritualidade, o amor e o senso do verdadeiro companheirismo é contrária à vontade do Senhor. A fidelidade a essas ordenanças e convênios sagrados trará bênçãos eternas a você e às gerações que ainda virão.
Um Momento de Urgência e Oportunidades
A urgência do trabalho vicário no templo foi salientada em uma carta da Primeira Presidência datada de 11 de março de 2003. Dirigida a todos os membros da Igreja, dizia que “milhões de nossos ancestrais viveram na Terra sem terem o benefício das ordenanças no templo. (…)
Todas as ordenanças realizadas na Casa do Senhor tornam-se a expressão de nossa crença na doutrina essencial e fundamental da imortalidade da alma humana”. 5
Meus queridos irmãos e irmãs, nossos dias foram previstos por nosso Mestre: “Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel (…), diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” (Jeremias 31:33).
Somos o Seu povo, portanto “[herdaremos] tronos, reinos, principados e poderes, domínios (…) exaltação e glória em todas as coisas” (D&C 132:19). Esse é o nosso legado. Essa é nossa oportunidade. Isso testifico.
De uma transmissão via satélite do Sistema Educacional da Igreja, feita em 4 de maio de 2003, em Salt Lake City, Utah.

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