domingo, 10 de julho de 2011

Por Que Realizamos Batismos pelos Mortos?

Por Que Realizamos Batismos pelos Mortos?

Extraído de um discurso proferido na conferência geral de outubro de 2000.
D. Todd Christofferson
Os teólogos cristãos há muito tempo meditam sobre a pergunta: “Qual será o destino de bilhões de pessoas que viveram e morreram sem nenhum conhecimento de Jesus?” Com a Restauração do evangelho de Jesus Cristo, recebemos o conhecimento de como os mortos que não foram batizados são redimidos, e como Deus pode ser “perfeito, justo e também um Deus misericordioso” (Alma 42:15).
Enquanto esteve aqui na Terra, Jesus profetizou que também pregaria aos mortos. Pedro nos diz que isso ocorreu no intervalo entre a Crucificação e a Ressurreição do Salvador (ver I Pedro 3:18–19). O Presidente Joseph F. Smith (1838–1918) testemunhou em visão que o Salvador visitou o mundo espiritual e “dentre os [espíritos] justos, organizou suas forças e designou mensageiros, revestidos de poder e autoridade, e comissionou-os para levar a luz do evangelho aos que estavam nas trevas. (…)
A esses foi ensinada a fé em Deus, o arrependimento do pecado, o batismo vicário para remissão de pecados, [e] o dom do Espírito Santo pela imposição de mãos” (D&C 138:30, 33).
A doutrina de que os vivos podem ser batizados e realizar ordenanças pelos mortos vicariamente foi revelada novamente ao Profeta Joseph Smith (ver D&C 124; 128; 132). Ele aprendeu que não só a salvação individual é oferecida aos espíritos que aguardam a ressurreição, mas que eles também podem ser unidos no céu como marido e mulher e ser selados a seus respectivos pais e mães de todas as gerações passadas, assim como seus filhos de todas as gerações seguintes podem ser selados a eles. O Senhor instruiu o Profeta de que esses ritos sagrados só podem ser realizados de maneira adequada numa casa construída em Seu nome, um templo (ver D&C 124:29–36).
O princípio do trabalho vicário não deveria ser estranho para nenhum cristão. No batismo de uma pessoa viva, o oficiante age por procuração, em lugar do Salvador. Não é essa a doutrina principal de nossa fé? A de que o sacrifício de Cristo expia nossos pecados satisfazendo vicariamente as exigências da justiça em relação a nós? Como disse o Presidente Gordon B. Hinckley (1910–2008): “Creio que o trabalho vicário pelos mortos se assemelha mais ao sacrifício vicário do próprio Salvador do que qualquer outro trabalho que conheço. Ele é realizado com amor, sem qualquer expectativa de remuneração, compensação ou qualquer coisa do gênero. Que princípio glorioso!” 1
Alguns não compreendem e pensam que as almas de pessoas falecidas estão “sendo batizadas na fé mórmon sem seu conhecimento”. 2 Eles pressupõem que, de alguma forma, temos poder de forçar uma alma a fazer alguma coisa em questões de fé. É claro que não podemos! Deus concedeu o livre-arbítrio ao homem desde o início. A Igreja não os coloca em seus registros nem os conta como membros.
Nosso anseio em redimir os mortos e o tempo e os meios que utilizamos para cumprir esse compromisso são, acima de tudo, uma demonstração de nosso testemunho de Jesus Cristo. Trata-se de uma declaração tão veemente quanto aquela que fazemos concernente a Sua missão e caráter divinos. Primeiro, testificamos da ressurreição de Cristo; segundo, da abrangência infinita de Sua Expiação; terceiro, de que Ele é a única fonte de salvação; quarto, de que Ele estabeleceu as condições da salvação; e quinto, de que Ele voltará.

O Poder da Ressurreição de Cristo

Com respeito à Ressurreição, Paulo perguntou: “Doutra maneira, que farão os que se batizam pelos mortos, se absolutamente os mortos não ressuscitam? Por que se batizam eles então pelos mortos?” (I Coríntios 15:29). Nós nos batizamos pelos mortos porque sabemos que eles ressuscitarão. “A alma será restituída ao corpo e o corpo, à alma; sim, e todo membro e junta serão restituídos ao seu corpo; sim, nem mesmo um fio de cabelo da cabeça será perdido, mas todas as coisas serão restauradas na sua própria e perfeita estrutura” (Alma 40:23). “Porque foi para isto que morreu Cristo, e ressurgiu, e tornou a viver, para ser Senhor, tanto dos mortos, como dos vivos” (Romanos 14:9).
É tremendamente importante o que fazemos em relação àqueles que já se foram, porque eles vivem hoje como espíritos e viverão novamente como almas imortais por causa de Jesus Cristo. Acreditamos em Suas palavras quando disse: “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (João 11:25). Por meio dos batismos que realizamos em favor dos mortos, testificamos que “assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. (…)
Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés.
Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte” (I Coríntios 15:22; 25–26).

Jesus Cristo, a Única Fonte de Salvação

Nosso anseio em garantir que nossos parentes falecidos tenham oportunidade de se batizar em nome de Jesus é prova de que Jesus Cristo é “o caminho, e a verdade e a vida” e que “ninguém vem ao Pai, senão por [Ele]” (João 14:6). Alguns cristãos dos dias de hoje, preocupados com os bilhões de pessoas que morreram sem o conhecimento de Jesus Cristo, começaram a conjeturar se verdadeiramente há somente “um só Senhor, uma só fé, um só batismo” (Efésios 4:5). Dizem que a crença de que Jesus é o único Salvador é arrogante, limitada e intransigente; nós, contudo, dizemos que esse dilema é falso. Não há nenhuma injustiça no fato de haver apenas Um por meio do qual possa vir a salvação, quando essa única pessoa e Sua salvação é oferecida a todas as almas, sem exceção.

As Condições de Salvação Estabelecidas por Cristo

Por acreditarmos que Jesus Cristo é o Redentor, aceitamos também Sua autoridade para estabelecer as condições pelas quais podemos receber Sua graça. Do contrário, não nos preocuparíamos em ser batizados pelos mortos.
Jesus confirmou que “estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida”. (Mateus 7:14). Ele disse especificamente que “aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (João 3:5). Isso significa que devemos “arrepender-nos, e cada um de nós ser batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e receberemos o dom do Espírito Santo” (ver Atos 2:38).
Embora não tivesse cometido pecado, o próprio Jesus Cristo foi batizado e recebeu o Espírito Santo. Ele disse: “Àquele que for batizado em meu nome o Pai dará o Espírito Santo, como a mim; segui-me, pois; e fazei as coisas que me vistes fazer” (2 Néfi 31:12).
Não há exceções; não há necessidade delas. Todos os que crerem e forem batizados, inclusive os que forem batizados por procuração, e perseverarem até o fim, serão salvos, “não somente os que creram após [a] vinda [de Cristo] na carne, no meridiano dos tempos, mas todos, desde o princípio, sim, todos os que existiram antes de sua vinda” (D&C 20:26). Por essa razão o evangelho é pregado “também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito” (I Pedro 4:6).

Libertar os Mortos da Prisão

As ordenanças vicárias que realizamos dentro dos templos, a começar pelo batismo, tornam possível a ligação entre as gerações, cumprindo o propósito da criação da Terra. De fato, sem essas ordenanças, “a Terra seria completamente destruída na [vinda de Cristo]” (D&C 2:3).
Às vezes, as escrituras referem-se aos mortos como se eles estivessem nas trevas ou na prisão (ver Isaías 24:22I Pedro 3:19Alma 40:12–13D&C 38:5). Contemplando o glorioso plano de Deus para Seus filhos, o Profeta Joseph Smith escreveu este salmo: “Regozije-se vosso coração e muito se alegre. Prorrompa a terra em canto. Entoem os mortos hinos de eterno louvor ao Rei Emanuel, que estabeleceu, antes da fundação do mundo, aquilo que nos permitiria redimi-los de sua prisão; pois os prisioneiros serão libertados” (D&C 128:22).
Nossa responsabilidade é tão grande quanto o amor de Deus para com Seus filhos de todas as épocas e de todos os lugares. Nossos esforços em favor dos mortos prestam eloqüente testemunho de que Jesus Cristo é o divino Redentor de toda a humanidade. Sua graça e promessas alcançam até mesmo aqueles que em vida não O encontram. Por causa Dele, os prisioneiros serão libertados.
Fotografia do batistério do Templo de Newport Beach Califórnia tirada por Welden C. Andersen, © IRI, reprodução proibida; João Batista Batizando Jesus, de Harry Anderson, © IRI
É tremendamente importante o que fazemos em relação àqueles que já se foram, porque eles vivem hoje como espíritos e viverão novamente como almas imortais por causa de Jesus Cristo.
Embora não tivesse cometido pecado, o próprio Jesus Cristo foi batizado e recebeu o Espírito Santo.
Fotografia do batistério do Templo de Helsinque Finlândia tirada por John Luke, © IRI, reprodução proibida; Meu Redentor Vive, de Roger Loveless, reprodução proibida

    Notas

  1. 1. 
    “Words of the Living Prophet”, “Excerpts from Recent Addresses of President Gordon B. Hinckley”, Ensign, janeiro de 1998, p. 73.
  2. 2. 
    Ben Fenton, “Mormons Use Secret British War Files ‘to Save Souls’”, The Telegraph Londres, 15 de fevereiro de 1999.

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