ARQUIVO PUBLICO DO RIO GRANDE DO SUL entrevista:
27/03/2013
http://arquivopublicors.wordpress.com/2013/03/27/apers-entrevista-elisabeth-berte-da-cruz/
Elisabeth Berté da Cruz, 56 anos, é formada em Belas Artes (UFRGS) e trabalha como comerciante. Em suas horas livres costuma realizar pesquisas genealógicas sobre seus familiares ou de seus amigos, leia nossa entrevista com Elisabeth!
Blog do APERS: Elisabeth, como surgiu seu interesse por pesquisas genealógicas?
Elisabeth: Comecei a pesquisar lá por 1988 e acho que é uma coisa de família italiana. Entre as conversas familiares sempre dizem “fulano filho de beltrano, que mora em tal lugar, casou com cicrana…”, e começamos a nos interessar por saber quem eram nossos antepassados, de onde vieram, com quem casaram, se tinham irmãos, filhos… e a pesquisa se desencadeia! Comecei a pesquisar as pessoas da minha família, como são de origem italiana e aqui no Brasil é muito recente, a partir de 1878, não tem tanta documentação no arquivo como das famílias portuguesas, embora cada família tenha uma porção de filhos. Detive-me, no princípio, até 1900.
Blog do APERS: Você poderia comentar um pouco sobre o trabalho que está desenvolvendo?
Elisabeth: Continuo fazendo pesquisas de genealogia, ou seja, árvores de costados. Depois de dar andamento aos meus ancestrais comecei a pesquisar para meus sogros, cunhados e amigos que também se interessaram. Tem os ramos de descendentes de portugueses, principalmente, que possuem uma documentação bem mais rica aqui e assim comecei a viver dentro do Arquivo! É infindável o que encontramos aqui, acho que nunca vou conseguir ver tudo! Pesquisar é melhor que ler um livro! Tu vês a vida das pessoas, como as coisas se desenvolveram em cada família… Se os documentos me levam a uma determinada região que não conheço muito, vou ler sobre aquela cidade, como se desenvolveu…
Blog do APERS: Na sua percepção qual a contribuição das pesquisas genealógicas para a sociedade?
Elisabeth: Penso que ajudam as pessoas a entenderem que não são sozinhas no mundo, que vieram de algum lugar e que as coisas se repetem. É uma forma de aprendermos com a pesquisa, por isso digo que é melhor que ler um livro, ajuda a pessoa a “acordar para o mundo”. Tem pessoas que não gostam do assunto, dizem que é bobagem… Às vezes descobrimos que a história oral é completamente diferente do que aconteceu de fato. Tem pessoas que dizem que o imigrante veio sozinho para o Brasil… e no decorrer da pesquisa descobrimos que veio com outros parentes.
Blog do APERS: Durante suas pesquisas já encontrou algum fato curioso que possa dividir com nossos leitores?
Elisabeth: Teve um caso de um imigrante que veio com um familiar, mas esse faleceu e o imigrante ficou com a herança porque a outra pessoa não tinha descendentes, e junto com o inventário toda uma rica documentação… E tem coisas até de espiritismo mesmo, parece que é a pessoa querendo ser encontrada… Isso já aconteceu comigo mais de uma vez! Teve uma situação em que estava pesquisando em um outro local um livro de óbitos, tinha terminado de olhar e não encontrei nada, estava olhando de curiosa… procurava um registro de nascimento muito antigo e quando olho entre os registros de óbitos estava justamente o registro de batismo que estava procurando… Para mim aquilo não tem explicação! Era para encontrar, pois o registro de batismo esta perdido entre os registros de óbitos que até eram de épocas diferentes. Outra vez, quando estava pesquisando sobre meus avós e todos os parentes diziam que não tinha mais nada, fui para um cemitério com meus pais e o primeiro túmulo que minha mãe parou para ver era do meu avô! São coisas assim que te remetem a acreditar em uma coisa a mais, que as pessoas não querem ser esquecidas. Acho que ao fazer a pesquisa tu reencontras as pessoas!
Blog do APERS: Qual a importância do acervo do APERS para sua atuação enquantopesquisadora?
Elisabeth: Imensa. Por isso que digo que é infindável o que tem aqui. Dificilmente conseguirei olhar tudo porque é muita coisa. E, também, porque no meio do acervo deve ter muita coisa que não está catalogada, que pode ter sido arquivado em local equivocado… Tem muito documento que não é muito mexido, às vezes pego maços em que, mesmo depois de higienizados, é possível ver pelo papel que não é manuseado há tempos. O que tem aqui é de uma riqueza, de preservação prioritária!
Blog do APERS: Qual a sua dica para os pesquisadores que estão começando a realizar pesquisas genealógicas e a trabalhar com fontes primárias?
Elisabeth: Primeiro a pessoa tem de partir de si e depois seus ancestrais, passo a passo, fazer a coleta de dados escalonada. Às vezes tu acreditas que o nome era tal, mas a pessoa tinha outro nome nos documentos, só não utilizava. A entrevista com a família não é tão necessária, mais a busca pelos documentos… certidão de nascimento, casamento, óbito. A entrevista com a família pode ajudar para localizar onde a pessoa morava, onde provavelmente casou, morreu… Mas não é essencial, mais os documentos em si. Eu entrevistei apenas os meus pais, por exemplo.
Blog do APERS: Nas suas horas vagas, quando não está pesquisando, quais são suas atividades preferidas de lazer?
Elisabeth: O que mais gosto é a pesquisa, é um vício! Gosto muito de viajar… sair… passear junto a natureza, fazer um off road! Gosto muito de ir ao interior, sinto falta de uma estrada de chão!
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